quarta-feira, 6 de maio de 2009

●๋•Peça "Uma Mulher Vestida de Sol" de Ariano Suassuna


Peça "Uma Mulher Vestida de Sol"

1999 à 2002 - Renata Siciliano Esposito, Figurinista e Visagista da peça "Uma Mulher Vestida de Sol". Texto de Ariano Suassuna e direção de Maira Jeannyse. Primeira montagem teatral da peça de Ariano Suassuna. Participação do Figurino na exposição "Por trás da Cena-Oficina dos Bastidores" em 2000. Indicada a melhor figurino no 7o Festival de Teatro da Universidade Veiga de Almeida, no ano de 2000. Participação do figurino no desfile da Escola Samba da Império Serrano em homenagem à Ariano Suassuna em 2002. Grupo Tuareg. RJ.


A História
Escrita em 1964, Uma Mulher Vestida de Sol é a peça que marca o início do teatro de Ariano Suassuna. O escritor paraibano, de família tradicional e sertaneja, inspira e dirige um movimento de pesquisa, defesa e difusão da cultura popular do nordeste, o Movimento Armorial. Influenciado pelos poetas e dramaturgos ibéricos e imbuído do espírito mágico dos "folhetos" do romanceiro popular do Nordeste - literatura de cordel - , da música de viola, rabeca e pífano dos cantadores e da xilogravura, Ariano Suassuna busca nas raízes populares de nossa cultura um manancial simples e puro que alicerce as bases de uma arte e uma literatura eruditas nacionais. Uma Mulher Vestida de Sol é uma tragédia nordestina, que retrata o drama humano e universal da luta do homem e com a terra, numa contrastante atmosfera de amor e violência e num constante clima de tensão, em que se fundem o refinamento erudito e a rusticidade popular. Partindo de um trecho do Apocalipse sobre uma das aparições da Virgem, impregnada de religiosidade e mistério, a peça se desenrola num tempo antagônico: começa no pôr-do-sol e termina quando o sol nasce. O tema principal é a disputa de terras entre os membros de uma família, em que uma cerca demarca territórios inimigos e se transforma numa fonte permanente de tensões. Sucessivas mortes marcam esse sertão nordestino,na seca da terra, na dureza dos homens.

Texto de Cláudia Padilha retirado do programa da peça.


Peça "Uma Mulher Vestida de Sol" de Ariano Suassuna - Proposta do Figurino

Esta montagem nos proporcionou a realização de um trabalho há muito desejado e isso só foi possível com o encontro de pessoas com um ideal em comum. Contamos com o apoio de pessoas como Sílvia Bispo, Daniela Vidal e Danielle de Oliveira, que estimularam e complementaram o trabalho em equipe. Tentamos fazer com que a linguagem cênica do figurino não se prendesse à estética do cangaço, e sim expressar a relação entre a medievalidade e o sertão . Com isso trouxemos à tona questões religiosas, também contempladas sob o ponto de vista barroco. Há uma divisão em dois planos: o dos humanos e o sobrenatural (aparições). Os figurinos dos humanos, em amarrações, se desprendem no decorrer da peça, indicando o esfacelamento dos princípios de família, moral e religião, devido à disputa por posse de terra entre membros da mesma família. Já o plano sobrenatural se inspira nas imagens dos santos barrocos, sob acabamento mais sofisticado e detalhado. O personagem Cícero, o profeta, faz a intermediação entre os dois planos, pois representa a fusão do profano com o religioso. Tendo por função básica a antecipação das mortes, se caracteriza como o personagem do maracatu rural (manifestação que ressuscita os mortos), com sua lança e seu chapéu de fitas, tal qual um guerreiro medieval,com contorno popular. As cores não são vivas, trazem um aspecto de desgaste, como se tudo tivesse se descascado e envelhecido devido à aridez do sertão e à força do sol (este aspecto está mais marcado no plano dos humanos).Os tecidos são rústicos. Com o uso de tramas e sobreposições, foram trabalhados e tingidos para ganhar a aparência mencionada. A trama do tecido remete à idéia da cerca, que é o elemento condutor da peça. A intenção foi que as escolhas de tecido, cor e adereços caracterizassem e complementassem a proposta da encenação.

Texto de Renata Siciliano Esposito e Flávia Neves - Figurinistas


 A Equipe com o mestre:
Danielle Oliveira (aderecista de cenário), Ariano Suassuna, Mayra Jeannise (diretora), Renata Siciliano Esposito (figurinista) e André Sanches (cenógrafo)

Clique nas imagem para ampliar





Nas fotos os atores: Alessandra Garcia, José Henrique Ferreira, Cristiano Queiroz, Antonio Veríssimo, Nívea Semprini Bittencourt, Rafaela Wrigg, Marco Antônio Viestel, Juiz Santos, Hélio Cantimiro, Célia Paranny e Fábio Fernandes.
Fotos de Renata Siciliano Esposito